Perca-me, quem quiser.

          Para amar, é preciso ter uma sensibilidade aguçada e compreender o outro lado. Para se assumir uma pessoa sensível, requer coragem de enfrentar diariamente, pessoas covardemente insensíveis. Sabe, estou me referindo a esse jeito doce de olhar nos olhos, de escutar mais do que as palavras significam, de dar valor ao sentimento alheio, de compreender o sinal do próprio coração e por vezes, sorrir em parceria com a sinceridade do espírito. Em momentos específicos, me sinto um corpo estranho nesse mundo de incertezas. A intensidade se faz presente, até no ar que eu respiro. Entre um sorriso e outro, eu sinto falta de ternura. Tenho dentro de mim um amor que parece assustar as pessoas. Geralmente, elas tem medo da entrega absoluta e eu, tenho medo da falta de entrega. Me preocupo com todos. Sinto uma vontade espontânea de ajudar as pessoas, queria ter o poder de diminuir o sofrimento de cada uma delas. Ser sensível nesse mundo requer muita coragem. De vez em quando, essa sensibilidade se transforma em lágrimas, mas independente de qualquer problema, um sorriso esperançoso é capaz de mudar todo o universo ao meu redor. Com receio de sofrer e de me envolver, confesso que eu já tentei ser diferente em alguma fase da minha vida. Mas, não tem jeito. Eu só consigo ser como realmente sou: alma e coração.

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Acorde com atitudes.

          Somos o que somos, por diferentes e infinitas razões. E por mais que busquemos respostas para as nossas infinitas questões pessoais, vamos morrer sem compreender a maior parte delas. Embora não podemos escolher quem vamos ser, temos o poder do livre arbítrio para decidir qual caminho seguir. Nunca é tarde demais para fazer planos, o agora está sempre pronto para torná-los realidade. Quando tomamos uma iniciativa, independente qual seja, o universo parece conspirar a nosso favor. Assim, nos sentimos mais confiantes para enfrentarmos o que não tínhamos coragem. Novas possibilidades se abrem com o nosso merecimento, a vida fica mais clara e tudo começa a ficar mais colorido. Com isso, descobrimos que o nosso poder de decisão é mais forte do que podemos imaginar. A palavra "cuidado" só faz sentido, depois que a gente se perde diversas vezes no labirinto da indecisão. Descobrimos, então, que cuidar de nós mesmos é a melhor forma de cuidar das pessoas que amamos. Que de nada adianta aconselharmos algo, que nunca vivenciamos. As experiências, são as únicas bagagens que levamos além da vida. Aprendemos que se dar valor, é antes de tudo, acreditar em nosso potencial. E de repente, olhamos para trás e nem se quer acreditamos em tantas realizações. Nos surpreendemos, positivamente, ao cair na real de que para alcançarmos um objetivo, a execução não se deve começar com pensamentos negativos, nem com desculpas esfarrapadas. Ao contrário disso, o sucesso pessoal não começa pelos outros, nem por falhas ou covardias. O primeiro passo, é sempre dado pelo interessado. Afinal, todos os dias quando acordamos, a vida nos proporciona a chance de nos tornarmos os protagonistas das nossas próprias histórias. A escolha é sua, minha, nossa. Só não podemos esquecer, que atitude é para poucos e faz toda a diferença. Sempre.

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Confie no coração.

          Eu sou mesmo um desastre, não se preocupe. Perdi minha bagagem no meio do caminho, deixei o acaso me levar e aqui estou, sem ter o que dizer. Buscando palavras no pouco de esperança que ainda resta no meu peito, estou tentando escrever. Quero falar mais uma vez, desse vazio que me corrói por dentro. Ainda não sei lidar muito bem com os problemas emocionais mas, se te interessa saber, estou me sentindo mais forte do que a última vez que passei por isso. Afinal, aprendemos sempre mais com as porradas da vida. É difícil assumir mas, eu ainda perco noites de sono fazendo um monte de perguntas para o escuro do quarto. Me questiono até amanhecer, sobre por quais motivos o amor teria cansado e desistido de mim. Não tenho novidades, eu não sei o que responder. Sinto muito meu coração, eu continuo buscando uma força sei lá de onde. Continuo caminhando, não é isso o que realmente importa? Chorar às vezes é inevitável, e ainda assim por muito tempo, eu consigo manter as lágrimas presas na garganta, onde elas se confundem com palavras. Talvez, esteja faltando um pouco mais de afeto comigo mesma. Enquanto isso, levo comigo o sorriso no rosto e o brilho no olhar. Hoje é apenas mais um daqueles dias, em que estou me sentindo sozinha. Ainda tenho muito o que aprender, não quero ser alguém que vai embora facilmente. Sem dramas.   

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Por um mundo melhor.

          Desde o momento em que saímos do ventre de nossas mães, somos quase obrigados a seguir alguns padrões da vida. Embora o mundo seja cruel, as pessoas começam desde cedo tentar nos convencer que existe um lado bom nessa loucura toda que chamamos de vida. Dizem então, que pessoas boas vão para o céu e que devemos ser uma dessas, independente do que recebemos. Nos ensinam que o perdão, significa olhar o próximo com compaixão e ter uma sensibilidade para nos colocarmos no lugar dos outros. Desde pequenos, escutamos nossas avós dizendo que devemos enfrentar a vida sempre de cabeça erguida, não importa a situação, devemos manter o sorriso aberto. Aprendemos também, que o melhor remédio após uma queda, uma decepção ou uma frustração é nos levantarmos e continuar seguindo em frente. As pessoas nos dizem tantas coisas, que acabam esquecendo de cuidar delas mesmas. Falando por mim, posso afirmar que com tantos conselhos positivos recebidos desde quando saí do berço, que as pessoas se esqueceram de me alertar sobre os perigos que corro somente por ter nascido. Sabe, esqueceram de me contar que as pessoas gostam das coisas mais fáceis, que erram por não se importarem, que não deixam o orgulho de lado nem quando a consciência pesa, que as pessoas magoam como se machucar o outro fosse a coisa mais normal do mundo. Esqueceram de me avisar, que não importa se sou uma pessoa boa e reconheço os meus erros, que existem pessoas ruins que talvez, não aceitem o meu pedido de desculpas. E que essas pessoas ruins, podem me colocar em uma sarjeta fria e escura ou em um beco sem saída, até eu preferir estar morta ao invés de precisar enfrentá-las. Esqueceram de me orientar, que em alguns casos é melhor que eu não me levante, pois, alguns esforços são desnecessários e a melhor opção é me poupar de possíveis traumas, ou dores, ou feridas. Nunca consegui prestar atenção, quando me diziam que as pessoas estavam sempre de partida. Mas, esqueceram de me contar que o mundo está cheio de problemas como a miséria, suicídios, homicídios, corações frios, entre muitos outros. Continuo sorrindo, mas esqueceram de me contar que derrubar lágrimas pode limpar a minha alma, e que sorrir demais, pode causar uma dor indescritível. Me fizeram acreditar que o mundo seria muito melhor, caso eu me tornasse uma pessoa boa. Estou fazendo a minha parte, mas infelizmente, as mesmas pessoas que tanto se preocupavam comigo, são as mesmas que hoje me decepcionam. O mundo é assim, não se assuste.

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Dentro do meu abraço.

          Existe um turbilhão de curiosidades sobre mim, que talvez eu nunca vou conseguir descrever. Sendo clara, é um pouco sobre a minhas noites de insônia, mais um pouco sobre os meus desejos e uma parte do meu silêncio reflexivo. Por mais estranho que seja amar aquilo que não entendemos, eu amo mesmo assim. E amo de verdade, com todo o meu coração. Geralmente, em dias cinzentos eu acordo assim, com essa vontade clichê de um abraço. Um abraço apertado, intenso, um abraço seu. Um simples aconchego entre os nossos corpos em perfeita sintonia, que simbolize tudo aquilo que as palavras não conseguem dizer. Um abraço calmo, que seja capaz de aquecer a frieza de um coração com medo e inseguro. Um abraço que se perca no tempo, que não nos atrase a vida, mas que adiante os planos. Abraço esse, que nos leve para outra dimensão de sentidos, onde a emoção domina a razão. Um abraço teimoso, mas ao mesmo tempo forte e inseparável. Queria um abraço que preencha os espaços vagos, que mande embora essa saudade que me causa dor. Um abraço que transforme toda a angústia que mora no meu peito em esperança, que desperte o hormônio da felicidade, que tenha amor e amizade, que seja de verdade. Me abraça logo, porque o tempo passa rápido e não volta mais. Me deixa sentir sufocada em seus braços, e não me solta mais. Nunca mais. Me proporcione a sensação de morada, conforto e segurança. Me transborde de carinho, eu sei que você faz isso muito bem. Eu quero que você escolha ficar, não porque estou pedindo, mas porque você realmente quer viver tudo isso comigo. Quero que descubra que no meu abraço, você encontra tudo o que procurou em outras pessoas. Queria dizer no seu ouvido, que você foi a única pessoa que me conquistou de verdade e que quando demos o nosso primeiro abraço, eu nunca mais desejei te soltar. Para de tentar se esquivar, se aproxime um pouco mais e tente sentir tudo o que o meu abraço é capaz de te oferecer: Todo amor do mundo. Suspiros.

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Esse amor é você.

          Uma coisa é fato: Devemos ter a consciência de que nem tudo é como a gente quer. No entanto, o que temos não quer dizer que não seja o suficiente. Por muitas vezes, esses imprevistos e surpresas que a vida coloca em nossos caminhos, são bem melhores do que podemos imaginar e esperar. Se pararmos para pensar, embora o céu esteja azul sem nuvens, a hora mais bonita do dia é aquela em que ele fica vermelho, no final da tarde com um pôr do sol inspirador. As noites mais agradáveis, são aquelas que a lua clareia os nossos passos. Bom, justificamos o nosso amor pelo inverno, porque podemos nos enrolar em mil cobertores e no verão, a declaração de amor é feita no momento em que mergulhamos em uma piscina gelada. Sendo assim, eu posso não ser o que você esperava, posso ter sido uma coisa boa no meio do seu acaso, mas não escolhemos o que sonhar quando colocamos a cabeça no travesseiro. Não é mesmo? E olha, não sou a única pessoa no mundo que gosta de sonhar. Sonharia com você todas as noites, se eu tivesse o privilégio de escolher. Eu posso não ser o que você precisa, mas vivemos e morremos sem saber o que realmente é capaz de mover o nosso universo particular. As pessoas vivem dizendo que fortes são aqueles que não amam, eu discordo completamente dessa teoria maluca. Afinal, no meu conceito, fortes são aqueles que arriscam o coração e as lágrimas por um amor de verdade. Fracas, são as pessoas que não se entregam à paixão por medo de perder o sono por uma, ou por todas as noites de uma vida inteira. Ou por receio de perder a razão e extrapolar na emoção, de tirar os pés do chão e flutuar nos sentimentos. Existe um tipo de amor, que não se descreve nitidamente, um amor que nos dá coragem de ser mais do que podemos, nunca nos inferioriza. Um amor que não perde as esperanças, que não cansa de esperar e que nem o céu é limite. Eu quero tanto que você espere por esse amor, eu quero que você saiba que ele pode ser seu. Todo seu, e de mais ninguém.

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Notificação da autora.

          Eu posso roubar a sua vida para escrever histórias? Sem mexer nas feridas abertas ou nos machucados cicatrizados, vou pegar uma lembrança daqui, um descontrole emocional dali, um amor de lá. Sem pretensão e sem realidade assumida, vou colocar sentido nessa bagunça toda. Sei lá, existe uma inspiração inexplicável aqui dentro de mim. É como uma urgência intensiva de amor, ou alguma coisa que sempre fica suspensa me cutucando para se tornar um texto. Escrever leva a alma, eu só vou levar o futuro, e um pouco da sua atenção e do seu coração. Quem sabe? Estou pedindo licença, antes de invadir os seus pensamentos e descrever exatamente aqueles sentimentos mais ocultos, sem nunca mais sair. Sutilmente, quero fazer parte do seu universo particular. Sendo assim, você me permite entrar?

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Clara.

           Inesperada, impaciente, imprevisível e independente. É uma personagem em que o externo é facilmente adivinhado, mas o interno? Se perde indefinido. Ela não teme. Não tem medo do inesperado e nem do desconhecido. Ela se joga e não pensa sobre os perigos da queda, seu lema, é que a vida seja vivida em todos os instantes. Ela tem dentro de si uma ânsia em mergulhar sem se preocupar com os equipamentos, ela se arrisca de olhos fechados. É corajosa, se joga no que for preciso e sempre segue os seus instintos pessoais. Clara era assim, Clara é linda. Sabe daquelas mulheres que invade a cabeça da gente, e não sai nem por um segundo? Ela é assim, talvez ela nem saiba disso. Clara não prestava atenção nessas coisas, não se atentava aos detalhes. Quando a conheci, achei que era igual as mulheres que vejo por aí, bonita e meiga, nada mais do que isso. Mas não, Clara era diferente, ela encantava mesmo sem querer, mesmo sem saber. Até hoje não sei o que ela tinha de diferente das outras, não deu tempo de descobrir. Às vezes, acho que era o olhar intenso, ou o jeito que ela mexia nos cabelos, ou aquele sorriso bobo, ou o jeito de me abraçar. Não sei. Um dia cheguei a pensar que Clara seria minha. Engano meu, ela nunca seria minha, ela nunca foi minha. Nem nos dias que eu a tinha nos meus braços, nem nos dias em que ela dizia sentir saudades. Nem nas vezes que eu dizia palavras bonitas, nem nunca. Ela é daquelas pessoas que não se entrega fácil, ou nunca se entrega. Clara parece ter medo da entrega absoluta. A vida fez de Clara uma pessoa muito forte, e ao mesmo tempo, uma pessoa muito frágil. Me apaixonar por ela foi fácil, aconteceu em poucos segundos. Bastaram apenas algumas palavras e meu sorriso se voltou totalmente à ela. Os meus dias com a Clara foram incríveis, para não escrever perfeitos. Existia uma alegria que não cabia dentro de mim, nem fora de mim. Às vezes, me culpo por cada sorriso que eu não dei a ela, pelas vezes que não abracei ela mais forte, e por todas as vezes que eu não deixei claro como eu me sentia completa por estar na sua presença. Clara, embalada pelo frenesi do momento, solta as palavras em um ato escorregadio. Isso costuma causar sérios problemas, embora as palavras não voltem, ela até tenta reparar a bagunça que causou. Triste é deixar Clara ir embora. Não, deixar Clara partir não é o preço que eu tenho que pagar. E mesmo que minha vontade, fosse passar o resto da minha vida com ela. Não, o resto não. Porque uma vida com ela, nunca seria resto. Mesmo não querendo que ela saia da minha vida, eu não mudaria nada do que aconteceu.  Eu viveria tudo de novo, se dessa vez, ela me entregasse o seu coração por inteiro. Guardar pra sempre Clara, essa é a minha maior saudade.

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Não espere, mude você.

          Depois de tanto apanhar da vida, cair com decepções e levantar do peso das minhas expectativas, eu entendi que quem quer mudar, simplesmente muda. Quem quer aprender, se esforça e aprende. Quem quer mergulhar, mergulha de cabeça, corpo, alma e coração. Quem quer crescer, cresce por merecimento e quem quer fracassar, fracassa consciente. Todo mundo, vive na doce espera de alguma mudança. Seja um líder de uma empresa, que vive angustiado esperando por mais comprometimento dos funcionários. Seja o funcionário, sofrendo com o chefe rude. Do pai, esperando que o filho mude de comportamento. Do filho, que espera por mais compreensão dos pais. Ou até mesmo, a mudança de um relacionamento amoroso. Seja qual for a relação, para um dos lados, sempre existe uma esperança de mudança. Percebo quanto dinheiro, tempo e energia as pessoas gastam com pessoas erradas. Por maior investimento que seja feito, os resultados continuam medianos. Sinceramente, agora entendo que devemos apenas fazer a nossa parte. Quando a pessoa não oportunizou as chances de melhoria no seu desempenho, a solução é demitir. Em qualquer fator da vida, só devemos dar oportunidades para quem estiver pronto para agarrá-las com todas as forças. Na vida pessoal, isso acontece da mesma forma. O que diferencia, é a intensidade e a dificuldade em demitir pessoas por justa causa. Todos nós temos um parente, um amigo ou até mesmo um amor que tentamos a todo custo mudar suas ideias, seus pensamentos e as suas atitudes. Pessoas que reclamam e nos transmitem aquela sensação negativa e mesmo com os nossos esforços de alertar, a pessoa não move um dedo. Continua quase que irredutível, só reclamando. Embora escutemos uma promessa de mudança, os dias se passam e as atitudes permanecem as mesmas. E no final do desabafo, a pessoa sempre se faz de vítima. Sabe o que é pior nisso tudo? Escutamos tudo novamente, oferecemos os melhores conselhos e dedicamos nosso tempo procurando soluções. Como se não bastasse, sabemos que parte do sofrimento da pessoa acaba ficando com nós. O ideal é entendermos que geralmente, a melhor ajuda é não tentar ajudar e seguir o nosso caminho. Para muitas pessoas, a melhor ajuda é não receberem ajuda, porque nesse caso, elas se esforçam e se viram por conta própria. Nós vivemos carregando a decisão das pessoas. Isso tem um peso enorme pois, cada um de nós, já possuímos nossos fardos pessoais. Levar o dos outros, só diminui as forças que lutamos tanto para conquistar. Para obter a paz interior, devemos primeiramente, respeitar diferentes decisões. Cada um que viva a sua vida e não tente cuidar de nenhuma outra. Afinal, só o gato tem sete vidas. No caso dos humanos, “cada um sabe a dor e delícia de ser o que é”. Na próxima vez que um problema bater na sua porta, a escolha é sua em convidá-lo para entrar. Pense nisso.

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Saudade (AI: Fábio Maia)

          Calma. Depois nós vamos para a festa. Antes preciso terminar de escrever esta carta. É para aquela garota que eu conheci há três meses, sabe? O problema é que a gente não pode mais escrever uma carta para alguém sem parecer que estamos nos derretendo, ou nos declarando. Bom, na verdade, o problema é que ninguém mais escreve cartas hoje em dia. Logo, se você escreve uma, você está se derretendo ou se declarando. Mas não é o caso. Eu juro. Eu só queria dizer que estou com saudade. Apesar que, se eu quisesse só dizer que estou com saudade, seria mais fácil eu simplesmente mandar uma mensagem dizendo isso. O problema é que, se eu simplesmente mandasse uma mensagem dizendo que estou com saudade, ia parecer que eu só quero levá-la para sair e depois dormir com ela – o que não seria uma má ideia. Qualquer homem com bom gosto atualizado teria o desejo de levá-la para cama. Mas pelo amor de Deus, este não é o propósito da coisa. Vamos focar na saudade? Obrigado. Eu realmente quero vê-la. Quero aproveitar a companhia dela. Nem que seja para tomar um sorvete na esquina. Ela mora tão perto daqui. Posso ir até a casa dela a pé. Não existe a desculpa da distância. Não preciso viajar em um balão ou pegar uma balsa para vê-la. É como se não existissem barreiras para nos impedir de nos vermos. Mas eu não quero parecer o chato, o inconveniente. Ou o mela-cueca, como diria meu tio João. Eu só estou com saudade. O que diabos haveria de errado em um pouco de sinceridade? E se ela também estiver com saudade mas não quer me contar? Talvez ela tenha sumido porque se apaixonou pelo Miltão, um personal trainer da academia com quem ela transa de vez em quando. Mas ela não faz academia, então não preciso me preocupar com o Miltão. Pelo amor de Deus. Quem é Miltão? Da onde eu tirei essa ideia? Acho que enviarei para ela o vetê da partida entre Brasil e Chile. Com certeza terá mais emoção do que esta carta. Por que eu não consigo relaxar? Será que é o Miltão? Teoricamente é uma coisa simples a ser feita. O problema é que eu estou com medo do que ela pode achar. Não quero passar a impressão errada. Bom, de qualquer forma, não cabe a mim pensar nisso. Preciso saber se o Miltão existe ou não. Seja o que Deus quiser. Ou o que o Miltão quiser. Agora, vamos para a festa porque estamos atrasados.

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Sonhei com você.

          Sonho que continuo escrevendo. O tempo está correndo de um jeito que parece simetricamente calculado, dias que me proporcionam apenas horas de lembranças. A agenda corrida, cutuca o meu cérebro enquanto durmo. Tenho sonhos que não fazem o menor sentido, acordo refletindo sobre até que ponto eles podem se tornar reais. Aliás, dizem que os sonhos são desejos ocultos. Até onde eu sei, os meus desejos não são ocultos. Mas enfim, te encontrar nos meus sonhos, tem se tornado quase uma parte da minha rotina. Acordei refletindo sobre o que, de fato, é sonhar. Cheguei à conclusão, de que não consigo imaginar a minha vida sem os sonhos. De uma forma ou de outra, sonhar me conforta o coração. Mesmo que ao abrir os olhos pela manhã, todas as imagens se tornam apenas memórias, eu gosto de te sentir perto por poucos instantes, que seja. A madrugada, é o período mais sincero e produtivo do dia, devido a calma e o silêncio que ela proporciona. É quando as emoções atingem o ponto mais alto da razão, até que se transborde em descontrole. No meio desse processo confuso, surgem os sonhos. Por sua causa eu tenho lindos sonhos para sonhar, por sua causa, a minha vida está cheia de amor. Afinal, eu sonhei com você e acordei com uma saudade gostosa. E agora, tudo o que me resta é controlar a ansiedade de querer fechar os olhos, novamente essa noite.

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Afogando a paixão.

          De repente, sentimos a cabeça latejar de tanta dor e o coração bater devagar, quase parando. Às vezes, a vida nos surpreende com imprevistos negativos e em muitos casos, tudo o que queremos nesses momentos é mergulharmos em um balde de água fria, na piscina, no mar, até mesmo na banheira ou no tanque da lavanderia. Sob pressão, sentimos aumentar a pulsação do coração, começamos a pensar no tempo que estamos aguentando ficar com a cabeça submersa, o relógio chama atenção para analisarmos o cronometro, começamos a ficar aflitos, mexemos o corpo para esquecer da falta de ar, observamos as bolinhas de oxigênio, abrimos os olhos e nada enxergamos, começamos a bater os pés através de um impulso incontrolável, já não temos de onde tirar o ar, chega desse sufoco. Levantamos da água com uma respiração ofegante, os olhos se abrem rapidamente, tiramos o cabelo do rosto, a pele está enrugada, escutamos pessoas pronunciarem os nossos nomes, o corpo estremece e caímos sem sentido no chão. Finalmente, conseguimos resgatar as nossas vidas, sempre da mesma forma, em um ciclo sem ponto final. As coisas insistem em acontecer, sentimos o afogamento, os dias se tornam tumultuados, as notícias chegam, sentimos muita falta de ar, os medos interrompem os sonhos, e nós sempre achamos que aguentamos mais alguns segundos, tentativa sempre inválida. Aí nos apaixonamos, e resgatamos a vida.  

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Uma dose de você, sem transbordar.

          Suspiro forte, alto e profundo, desses que o pulmão conversa diretamente com o coração. No silêncio de um amor tumultuado, me esforço para não pensar mais em você. Se um dia eu conseguir fazer isso, quem sabe como recompensa do desapego, eu possa brincar de felicidade, misturando a fantasia com a realidade. Enquanto isso, eu ando por aí, com você dentro de mim. Cansada de caminhar sem destino, eu puxo uma cadeira e volto à vida real: Você praticamente inexistindo. Peço uma bebida amarga de gosto forte e torço para que ela me faça vomitar toda essa mágoa, toda essa falta que você me faz. De nada adianta, eu continuo enlouquecida, só que dessa vez pelo efeito do álcool correndo no meu sangue. Com ressaca dos meus próprios desejos, faço uma breve comparação do amor com uma bebida leve, percebo que ambos devem ser consumidos na dose certa. Finalmente, com a pequisa teórica comprovada na prática, eu chego à conclusão de que tudo o que é demais, transborda. É uma pena, você excedeu o limite do meu coração.

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Borboletas no estômago.

          O coração disparado, um tremor nas pernas, as mãos suando e o rosto vermelho com uma sensação de rubor nas regiões do pescoço e orelhas. Uma vontade quase que incontrolável de respirar fundo e gritar para o mundo inteiro saber o quanto é gostoso sentir a paixão corroendo os sentidos da razão. A mesma, que complementa a intensidade da emoção e cria expectativas para a alma. Que inspira, transmite paz e constrói planos de um futuro promissor. Estar apaixonado não é só um clichê, são dois, três, quatro. Não se prenda ao medo, se entregue intensamente para outra pessoa. Você não o único ser humano que sente borboletas no estômago, posso garantir que em algum lugar do planeta, existe um outro alguém sentindo o mesmo por você. O acaso, está nas mãos daqueles que possuem coragem o suficiente para não perder as esperanças. Não desista do amor, não desista de amar. 

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